As 10 maiores tribos indígenas do Brasil: conheça curiosidades sobre cada povo


Eles foram os primeiros habitantes do Brasil. Na época do Descobrimento, cerca de 5 milhões de pessoas habitavam o país. De acordo com o último Censo, a população indígena atual é de 896,9 mil pessoas, distribuídas em 305 etnias que falam 274 idiomas diferentes.

A maior parte dessa população vive em áreas rurais: 63,8%. Com cerca de 46 mil pessoas, a maior etnia é a Ticuna, que habita a região da Amazônia. A maioria da população indígena, 37,4%, vive na região Norte. De acordo com levantamento realizado em 2019 pela ONG Land is Life, existem 28 tribos isoladas no Brasil.

Guarani, os filhos de Tupã

POPULAÇÃO (Censo 2010) – Kaiowá (43.401), Mbya (8.026) e Ñandeva (8.526)

Eles são pertencentes à família linguística tupi-guarani e vivem nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Os que residem no Brasil são divididos em três grupos: Kaiowá, Ñandeva e Mbya, cada um com seu dialeto próprio e regras de convívio particulares.

Caraterísticas importantes do povo Guarani

Ainda assim, eles apresentam similaridades, como o fato de viverem em tekohas - aldeias que agregam todos os aspectos da vida social, econômica e cultural guarani. Além disso, seria impossível falar sobre os guarani sem citar os pajés, sacerdotes que realizam a mediação entre o mundo dos homens e o sobrenatural.

Por tradição e cultura, os Guarani são coletores e caçadores. Eles se autodeterminam como uma extensão da terra onde pisam. Os indígenas guarani, também chamados de grande povo, acreditam que foram criados por Tupã (deus tupi do trovão) para admirar a beleza da Terra.

Os Ticuna e sua rica ancestralidade

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 46.045 habitantes

Os Ticuna vivem em aldeias às margens do Rio Solimões, na região Amazônica. Em termos populacionais, os Ticuna são hoje o povo indígena mais numeroso do país, contendo cerca de 6,8% da população indígena brasileira.

Organização social Ticuna

Adeptos da caça e da pesca, a sociedade Ticuna está dividida em duas metades, cada qual formada por clãs. Os casamentos só são permitidos entre as metades. Jamais entre pessoas que pertencem à mesma metade. Os clãs são patrilineares: ou seja, os filhos da nova família pertencem ao clã do homem

Há os clãs com nomes de aves e os clãs com nomes de plantas e animais terrestres, cada um com seu conjunto de hábitos e tradições particulares.

Tradições culturais

Após disputas violentas com seringueiros e madeireiros, eles enfrentam o desafio de garantir sua sustentabilidade econômica e ambiental. São famosos por manter viva a riquíssima cultura ancestral. Máscaras, pinturas e tradições da tribo ganharam repercussão internacional por causa das técnicas aplicadas e são conhecidas em várias partes do mundo.

Kaingang, artesãos de qualidade

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 37.470 habitantes

Eles estão distribuídos por quatro estados do Brasil: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Organização social

Tradicionalmente, os Kaingang se organizam socialmente através de um princípio dualista. As duas metades são chamadas de kaiurukré e kamé. Um dos aspectos mais importantes desse sistema dualista é o casamento entre metades opostas. Segundo a tradição, as famílias que se formam vão morar junto ao pai da noiva. O genro se muda para a casa do sogro.

A maior autoridade é o cacique

Na hierarquia das comunidades, a maior autoridade da tribo é o cacique, eleito democraticamente entre os homens maiores de 15 anos. O cacique é o representante da comunidade. É ele que representa os interesses dos Kaingang diante do homem branco.

Há casos em que o cacique chega a se tornar autoridade política no mundo branco, ocupando cargos públicos. Afinal, não se podem defender os interesses da tribo fora dos espaços de poder.

Macuxi: predominância em Roraima

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 28.912 habitantes

Estima-se que existam 140 aldeias macuxi no Brasil, principalmente no estado de Roraima. Após o casamento, o casal vai morar com a família da mulher. Logo, o grupo local organiza-se em torno da figura de um líder-sogro, de cuja habilidade política na manipulação dos laços de parentesco depende sua existência.

Os macuxi vivem em regiões nas quais há períodos prolongados de seca e chuva, portanto eles alternam dois tipos de rotina de acordo com o clima. Durante a estiagem, se reúnem e intensificam as atividades de caça, pesca, criação de gado e cultivo de alimentos. Já na estação chuvosa, espalham-se em pequenos grupos que vivem dos alimentos armazenados durante a seca.

Terena, uma tribo urbana

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 19.851 habitantes

A tribo registrou uma superpopulação nas reservas indígenas do Centro-Oeste do Brasil. Isso fez com que o excedente populacional abandonasse as aldeias em busca de trabalho na cidade. Com isso, a tribo terena se tornou o mais urbano dos povos indígenas. É comum encontrá-los no comércio de rua de Campo Grande (MS), trabalhando para fazendeiros da região e atuando na colheita de cana-de-açúcar.

As aldeias terenas são dotadas de autonomia política própria, ou seja, possuem um cacique e um conselho tribal que responde pelas relações políticas de cada setor. As casas dos grupos familiares que se formam são construídas no entorno do pai do noivo.

A unidade familiar dos Guajajara

POPULAÇÃO – 27.616 habitantes

Também chamados de tenetearas, essa tribo era conhecida por não fixar residência por muito tempo em um local determinado. Hoje, as aldeias já são grandes e permanentes, em sua maioria fixada no Maranhão. Eles têm como principais atividades econômicas a agricultura e o artesanato, mas também praticam a caça, a pesca e a coleta de mel.

A unidade familiar mais importante dos guajajara é chamada de família extensa, composta por indígenas que são unidos necessariamente por laços de parentesco. Trata-se, em essência, de um grupo de mulheres sob a liderança de um homem. Muitos chefes de família extensa procuram manter o maior número de mulheres junto de si, até adotando as filhas de homens já falecidos dos quais eles eram muito próximos.

Yanomami: território do tamanho da Suíça

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 21.982 habitantes

Com mais de 9,6 milhões de hectares, o território dos ianomâmi no Brasil, mais precisamente na floresta amazônica, tem o dobro do tamanho da Suíça. A região é um importante centro de preservação da biodiversidade local, constantemente ameaçado pelos confrontos com garimpeiros.

Igualdade: um valor Yanomami

A tribo prega a igualdade entre todos. Cada comunidade é independente das outras e não reconhece chefes. As decisões são tomadas por consenso, após longos debates, onde todos têm o direito à palavra. Já as tarefas diárias são divididas de acordo com o sexo. Os homens caçam enquanto as mulheres são encarregadas de cultivar alimentos.

A ameaça do garimpo

Há décadas que os Yanomami sofrem com a ameaça do homem branco. Além do desmatamento, o que mais preocupa é o garimpo. A situação se agravou nos anos 80, trazendo violência e devastação ambiental. Apesar da ameaça do garimpo ter diminuído a partir dos anos 90 (com a demarcação das terras Yanomami), a ameaça retornou com força em 2019.

Os Xavante e seus rituais típicos

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 19.259 habitantes

Ainda há cerca de 70 aldeias xavantes no Mato Grosso. Nelas, as moradias são dispostas em semicírculo. Em uma das pontas da aldeia, há uma casa reservada à habitação dos meninos de 10 a 18 anos. Ali, eles são ensinados e treinados por alguns anos, até estarem prontos para assumirem a vida adulta.

As carnes de caça ocupam uma posição determinante na vida social dos xavante. Para os homens, ser um bom caçador é um marco das capacidades masculinas. É assim que eles expressam suas habilidades de resistência física, rapidez, agilidade e agressividade. Em seus rituais, a tribo costuma pintar o corpo de preto e vermelho, além de usar uma espécie de gravata de algodão nas cerimônias.

A prova física para os noivos da tribo Pataxó

POPULAÇÃO – 13.588 habitantes

Os pataxó vivem predominantemente no extremo sul da Bahia, em 36 aldeias distribuídas por seis terras indígenas. A principal atividade econômica da tribo é o artesanato, com peças que misturam madeira, sementes, penas, barro e cipó. Cada aldeia tem um cacique, que indica um porta-voz externo e um articulador interno.

Os casamentos são realizados pelo cacique, com toda a aldeia presente. O noivo deve carregar uma pedra, representando o peso da noiva, em uma distancia que é determinada pelo cacique e pelos pais dela. Isso simboliza força e a resistência para manter sua família. Se ele falhar, o enlace não acontece.

Potiguara, os remanescentes indígenas nordestinos

POPULAÇÃO (Censo 2010) – 20.554 habitantes

Situados majoritariamente no Nordeste, os potiguaras são de origem tupi-guarani. Trata-se de um povo que já sofreu de maneira irreversível a influência do homem branco. Hoje, os nativos se comunicam basicamente em português e quase toda aldeia tem uma igreja católica ou evangélica e comumente há festejos que celebram seus santos de devoção.

Das 32 aldeias remanescentes, 26 possuem representantes reconhecidos pelo cacique. A escolha do próprio cacique acontece com o crescimento de um grupo doméstico, configurado como fundador daquela região. A chefia indígena tende a se estabelecer nas aldeias que possuem um número razoavelmente alto de moradores em relação às tribos vizinhas.

10 curiosidades sobre as tribos indígenas brasileiras:

  1. Em sua maioria, as tribos indígenas possuem línguas próprias. Muitas palavras incorporadas ao português têm origem indígena, como cupim, mandioca, siri, jiboia, tapioca e samambaia.
  2. Algumas tribos indígenas do Brasil ainda mantêm o hábito dos integrantes andarem nus ou com poucos acessórios no corpo. Outras já incorporaram as roupas do uso tradicional da população brasileira, como calça jeans e camisas.
  3. Muitas tribos usam diferentes adornos para ritos especiais e celebrações. Os adereços, em geral, são confeccionados com plumas de aves, pedras, bicos de animais e sementes.
  4. As tribos mais isoladas alimentam-se basicamente da caça, pesca e agricultura.
  5. As tribos indígenas tradicionais ainda mantêm a presença do pajé como líder espiritual da aldeia. Ele é responsável pela condução do povo, realiza rituais de cura e transmite a tradição e cultura dos antepassados para os mais jovens.
  6. Já o líder político e social é o cacique, em geral eleito pelos membros da tribo.
  7. Muitos indígenas ainda vivem em ocas, construções típicas, feitas de madeira e cobertas com palha, que são compartilhadas por várias famílias.
  8. Os indígenas pintam o corpo com formas geométricas feitas com tintas e corantes naturais, coletados nas florestas brasileiras. A escolha das cores para a pintura corporal tem o objetivo de transmitir ao corpo a alegria das cores vibrantes.
  9. Os indígenas utilizam-se de canoas para transporte e pesca nos rios. Cada grupo indígena desenvolveu sua própria técnica para construí-las, mas é quase unânime o uso de um só grande tronco, lavrado a ferro e fogo.
  10. Alguns grupos indígenas nunca tiveram contato com a civilização e se mantém isolados. Há aqueles que fixaram residência e os nômades, que circulam por diferentes regiões.