Os 4 símbolos nacionais brasileiros: significado, história e curiosidades


Quando se fala em símbolos nacionais, logo pensamos na bandeira. Mas saiba que esse não é o único símbolo da nação brasileira. De acordo com a Lei nº 5.700, de 1 de setembro de 1971, são 4 os símbolos nacionais: a bandeira, as armas, o hino e o selo.

Esses símbolos representam a nação brasileira e o espírito cívico de seu povo. No caso da bandeira, das armas e do selo, essa representação é visual. No caso do hino, verbal. Seja como for, os símbolos brasileiros cumprem a função de reforçar o sentimento de união nacional ao difundir a história e os valores da nação.

Cada símbolo tem o seu significado, sua história e, claro, suas curiosidades. Vamos conhecê-los?

1 - Bandeira nacional

Bandeira nacional
De 19 de novembro de 1889 até os dias de hoje, esta é a bandeira do Brasil, principal símbolo nacional.

A bandeira que conhecemos hoje como o mais famoso dos símbolos nacionais nasceu junto com a República Brasileira, por meio do Decreto n° 4, de 19 de novembro de 1889. Ou seja, essa bandeira foi adotada apenas quatro dias depois da Proclamação da República, que pôs fim ao regime monárquico.

Nesses quatro dias que separam a Proclamação da República e o Decreto de 19 de novembro, a República nascente teve outra bandeira, inspirada na dos Estados Unidos. Mas essa versão não vingou.

Por decisão do primeiro presidente do Brasil, o Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), a bandeira que simbolizaria a nova República foi a projetada por Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes, feita a partir de desenho de Décio Vilares.

O mais curioso nessa história, na verdade, é que ao rejeitar a primeira bandeira, inspirada na norte-americana, Deodoro acabou optando por uma que tinha sido pensada tendo como base a bandeira do Império que acabava de ser extinto. Esta bandeira, por sua vez, havia sido uma adaptação de uma outra, encomendada pelo rei português D. João VI, em 1820. Vai entender...

Veja como as bandeiras são bem parecidas:

Bandeira Império
Durante o Brasil Império (1822-1889), esta foi a bandeira brasileira, que é bem parecida com a atual.

As diferenças entre a bandeira imperial e a atual são evidentes, mas é impossível não notar a enorme semelhança entre elas. Dá para dizer que a base das duas bandeiras é a mesma, com o fundo verde e o losango amarelo, só mudando o tamanho do losango e o seu "recheio". Foi descartado o brasão de armas imperial e no seu lugar inserida a conhecida esfera azul, com a frase "Ordem e Progresso".

E as estrelas? "As constelações que figuram na bandeira nacional correspondem ao aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889", diz o texto da lei. Além disso, as estrelas representam os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Sabe a única estrela que fica na parte de cima da esfera? Ela representa o estado do Pará.

Sempre que surgir um novo estado, deve-se acrescentar uma estrela no círculo azul. Se algum estado for extinto, deve-se retirar a estrela que lhe é correspondente.

O lema "Ordem e Progresso" tem inspiração positivista, uma corrente de pensamento muito em voga no século XIX que se baseava na racionalidade e na ciência. "Ordem" significa, basicamente, "ordem" política e social. "Progresso" faz referência ao desenvolvimento técnico e científico.

A associação das cores da bandeira a aspectos da natureza é recente. Originalmente, o verde e o amarelo faziam referências às cores das famílias reais que governavam o Brasil no Primeiro Reinado: a Casa de Bragança, de Dom Pedro I, e a Casa de Lorena, de Dona Leopoldina, esposa do imperador.

2 - Armas nacionais ou brasão de armas

Armas nacionais
As armas (ou brasão nacional), tal como a bandeira, surgiram com a Proclamação da República.

As Armas Nacionais são fruto do mesmo decreto que instituiu a bandeira nacional, em 19 de novembro de 1889, logo após a Proclamação da República. Assim, tal como a bandeira, as armas, ou brasão nacional, representam a República nascente e pretendem simbolizar a nação brasileira.

O responsável pelo desenho do brasão é o engenheiro Artur Zauer, sob encomenda do primeiro presidente da República, Marechal Deodoro.

Embora o brasão seja menos conhecido do que a bandeira nacional, trata-se de um símbolo presente em todos os espaços pertencentes aos Três Poderes da República: Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele está no Palácio da Presidência da República e nos prédios do Senado e da Câmara dos Deputados, por exemplo. Também está no Supremo Tribunal Federal.

Além disso, sua presença é obrigatória nas instalações das Forças Armadas (como quartéis militares, por exemplo), nos prédios públicos dos governos estaduais e municipais, bem como na entrada das repartições públicas federais.

Se pararmos para analisar o brasão, veremos que no seu centro há um escudo azul-celeste, representando o céu, e o Cruzeiro do Sul, constelação que só pode ser vista do hemisfério sul do globo terrestre. O Cruzeiro do Sul tem um papel importante na simbologia nacional: a maior distinção honorífica que o presidente da República pode atribuir a um estrangeiro chama-se Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

Na borda do escudo azul, há 27 estrelas prateadas, que representam os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Esse é um ponto em comum entre as armas e a bandeira nacional.

Além da espada, que representa as Forças Armadas, há referências a dois importantes produtos agrícolas brasileiros: o tabaco e o café. À esquerda do escudo, o ramo de café é uma referência ao nosso principal produto de exportação no final do século XIX e início do XX.

3 - Hino nacional

Hino Nacional
Partitura para piano do hino nacional brasileiro, datada de 1903.

Com música de Francisco Manoel da Silva (1795-1865) e letra de Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), a canção que simboliza o sentimento e os valores pátrios é o hino nacional.

Ele foi instituído como símbolo nacional pelo Decreto nº 171, de 20 de janeiro de 1890. De lá para cá, o hino vem sendo executado em situações importantes, como sessões oficiais e eventos esportivos nacionais ou internacionais.

Uma curiosidade sobre o hino é que a música surgiu muito antes da letra. Na verdade, o intervalo de tempo entre um e outro chega a quase um século!

Estima-se que Francisco Manuel da Silva tenha composto a música em 1831, logo após a Independência do Brasil. Nessa época, a música não foi oficializada como hino nacional, apesar do povo gostar muito dela. A oficialização só veio anos mais tarde, em 1890.

A letra de Duque Estrada surgiu em 1909, mas só foi adotada como letra oficial do hino em 1922, em virtude das comemorações do centenário da Independência do Brasil.

Muita gente considera a letra do hino difícil. E, de fato, há termos rebuscados e construções pouco usuais, bem ao estilo da época em que o poema foi composto. Versos como "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante" fazem muitas pessoas se perguntarem: afinal, quem ouviu? O que foi ouvido? E o que seriam "plácidas" e "brado retumbante"?

Este não é o único trecho da composição que dá um nó na cabeça das pessoas. Como todo poema, é preciso lê-lo com atenção. E se dermos um pouquinho de atenção à letra, veremos que nem é tão difícil nem tão enigmática assim.

A propósito: quem ouviu o "brado retumbante" (ou grito que ecoa) foram as "margens plácidas" (ou seja, tranquilas) do riacho do Ipiranga, em São Paulo. Mas margem de rio pode ouvir alguma coisa? Na poesia, tudo, ou quase tudo, é possível. Trata-se de uma figura de linguagem chamada prosopopeia ou personificação. E o autor do grito foi o "povo heroico" - no caso, o povo brasileiro.

4 - Selo Nacional

Selo Nacional
O selo nacional, de uso mais administrativo, é nitidamente inspirado na bandeira nacional.

O selo nacional cumpre uma função mais administrativa. Vejamos o que diz a lei:

O Selo Nacional será usado para autenticar os atos de governo e bem assim os diplomas e certificados expedidos pelos estabelecimentos de ensino oficiais ou reconhecidos.

Ou seja, o uso do selo, como o próprio nome diz, é feito em documentos oficiais ou que passaram pela certificação de órgãos ligados à administração pública.

O selo é claramente inspirado na bandeira do Brasil. Na verdade, como você já deve ter notado, ele é uma parte dela - a esfera azul, com as 27 estrelas e o lema "Ordem e Progresso" - com o acréscimo das palavras "República Federativa do Brasil" no entorno do círculo.