Saiba quem é Rá, o deus Sol da mitologia egípcia
Rá (ou Ré) é o deus Sol no Antigo Egito, sendo também conhecido como "Pai dos deuses" e "Pai dos homens". Isso porque, para os egípcios, Rá era a divindade mais importante, e acreditava-se que ele era o criador do mundo, dos deuses e da humanidade. Era considerado o protetor do Egito.
Seu principal santuário ficava em Iunu do Norte (chamada de Heliópolis, "cidade do sol", pelos gregos), uma das principais cidades do Egito no ano 3 mil a.C. Rá era especialmente querido pelos faraós. Quéfren foi o primeiro faraó a incorporar o título de "filho de Rá" ao seu próprio nome, costume que foi levado adiante por todos os outros faraós.
História de Rá
Nascimento do deus egípcio Rá
Há algumas versões sobre o nascimento de Rá na mitologia egípcia. De acordo com uma delas, Rá teria surgido no Oceano Primordial (Nun), dentro das pétalas de uma flor de lótus. Todos os dias, Rá saía de lá e só voltava à noite, quando as pétalas se fechavam novamente para guardá-lo.
Outra versão do mito diz que Rá nasceu sob a forma da ave fênix, pousando na Colina Primordial sobre o topo de uma pedra. Trata-se da Pedra Benben, o objeto sagrado mais importante do santuário do deus Rá. Teria sido do alto dessa pedra que a fênix fez ecoar seu canto, anunciando a criação.
Rá: deus criador
Antes de conhecer a história de Rá, vale a pena chamar a atenção para o fato de que ele foi o responsável pela criação de tudo, inclusive dos seres humanos.
Há mais ou menos 4 mil anos, os egípcios acreditavam que a humanidade e todos os outros seres vivos tinham sido criados a partir das lágrimas e do suor de Rá.
Segundo uma das versões do mito, certa vez, o Olho de Rá (que era independente de seu dono) desapareceu. Impaciente, seu dono deu ordens aos deuses Chu e Tefnut para irem atrás do Olho fujão. Quando os deuses o encontraram, o Olho resistiu, pois não queria mais voltar. Houve luta entre esses deuses e o Olho de Rá. Dos suores e lágrimas dessa luta nasceram os seres humanos.
Não é à toa que na língua dos egípcios as palavras lágrimas (remit) e homens (remetj) tinham pronúncia quase idênticas.
O reinado do deus Rá
Depois de criar tudo, nada mais natural que Rá se tornasse o primeiro rei da Terra. E foi isso mesmo que aconteceu. Ele se tornou governador do mundo, tendo os deuses como seus ministros.
O reinado de Rá era chamado pelos antigos egípcios de "Primeiro Tempo". Nessa época, deuses e homens viviam lado a lado na Terra.
O governador do mundo vivia sob uma rotina rígida. Saía da sua casa de manhã, em Heliópolis, e visitava todas as províncias de seu reino, exatamente como o sol faz todos os dias. Nessas visitas, Rá queria saber se tudo estava em ordem, como uma pessoa que zela por sua casa.
Às vezes, as inspeções de Rá eram muito duras, como quando o sol resolve esquentar demais uma determinada cidade ou região. Acontecia, por vezes, da população local se revoltar contra alguns excessos de Rá, e com isso o rei supremo foi ganhando inimigos.
O deus Rá e a serpente Apepe (ou Apófis)
A história do deus Rá e da serpente Apepe, ou Apófis, é contada na mitologia egípcia para explicar a passagem do dia e da noite e também para justificar alguns fenômenos da natureza.
De acordo com a lenda, a serpente gigante Apepe resolveu armar uma emboscada contra Rá. Ela reuniu alguns inimigos do rei para conspirar contra ele. Ficou decidido que Rá seria assassinado ao amanhecer.
Na mitologia, a serpente era uma agente do caos e eterna inimiga de Rá. Ela vivia no submundo egípcio conhecido como Duat. Era nesta região obscura que ela se escondia para fazer uma emboscada contra o deus do Sol. Ela tinha a poder de causar terremotos nos momentos em que se deslocava nestas profundezas e tinha como principal objetivo destruir o barco de Rá e colocar o mundo nas trevas.
Na mitologia, é contado ainda que alguns deuses, como Seth, passou a auxiliar Rá em sua travessia, posicionando-se na proa do barco para atacar a serpente com uma lança. Quando a arma feria a serpente, o céu ficava com uma coloração avermelhada.
A deusa com cabeça de gato, Bastet, era outra divindade que auxiliava Rá em sua missão contra a serpente. Em uma das batalhas, é relatado que o próprio Rá se transformou em um felino para derrotar Apófis.
A vez em que a serpente conseguiu engolir o barco de Rá, deu origem aos eclipses solares. Contudo, Apepe não conseguiu mantê-lo em sua barriga, por isso, o sol voltou a aparecer.
Assim, para os antigos egípcios, todos os dias o deus Rá nascia no oriente e navegava em seu barco por 12 horas do dia. À noite, tomava o barco noturno, com o qual mergulhava no mundo das trevas. No dia seguinte, tudo se repetia, inclusive a batalha contra a serpente Apepe.
Alguns mitos relatam que Rá conseguiu eventualmente aprisionar Apófis. Outros, dizem que essa luta continuará por toda a eternidade.
O envelhecimento de Rá e a cilada de Ísis
Quando Rá envelheceu, deuses e homens viram a oportunidade de tirar vantagens do rei.
Numa ocasião, a deusa Ísis, que desejava se tornar a senhora de todas as deusas, armou uma cilada contra Rá. Seu objetivo era descobrir o nome secreto de Rá, o que lhe daria poder supremo.
Ela se aproveitou das barbas do velho rei que caíam no chão de terra e moldou uma serpente para picá-lo. A serpente foi colocada bem no caminho por onde Rá passava todos os dias.
Não deu outra: a serpente picou Rá, e seus gritos foram tão fortes que atraíram todos os deuses. Ísis, fingindo-se de inocente, aproximou-se de Rá e lhe disse que a única forma de salvá-lo seria pronunciando seu nome secreto. Rá o fez com uma condição: que Ísis só contasse o segredo para o seu filho, Hórus.
Esse mito explica como o poder supremo foi transferido para Ísis, seu marido Osíris e o descendente do trono, Hórus.
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Como Rá se afastou da Terra
Com Rá cada vez mais enfraquecido devido à velhice, os homens promoveram uma rebelião. Rá, em resposta, reuniu seu conselho de deuses para decidir o que fazer.
A certa altura, os homens refugiaram-se nas montanhas, e Rá enviou Hator, sob a forma de seu Olho, para controlar a situação. Hator esteve a ponto de aniquilar toda a humanidade, mas foi impedida por seu pai, que não quis destruir a sua própria criação.
Triste com todas aquelas brigas e sentindo-se traído, o velho e cansado Rá decidiu se afastar definitivamente da Terra. Montado numa vaca celestial (sua filha Nut), foi para o céu, levando consigo todos os outros deuses.
A separação entre o céu e a Terra
É com a saída de Rá do mundo que a mitologia egípcia explica a separação entre o céu e a Terra. Os deuses que subiram junto com Rá viraram as estrelas. Os mundos dos deuses e dos seres humanos estavam, enfim, separados.
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Quem é Amon-Rá?
Já num período tardio, o deus Rá foi associado a outros deuses do panteão egípcio, entre eles Amon. Também foi associado a Atum, deus primitivo de Heliópolis, e Sebek, o deus-crocodilo. Como Amon-Rá, o deus se tornou a divindade mais importante de toda a religião egípcia.
No início, Amon era um deus de pouca importância, Os egípcios o chamavam de deus do oculto. Mas o prestígio de Amon aumentou quando seus adoradores ganharam poder. Isso ocorreu em 2050 a.C., quando os príncipes de Tebas e de Mont unificaram o Egito.
Nesse momento, Amon passa a ser considerado o deus criador. E seu status não para de crescer, até que Amon passa a ser associado ao sol, unindo-se a Rá. A partir de então, Amon-Rá tornou-se um único e poderoso deus.
O auge da adoração de Amon-Rá ocorreu por volta do ano de 1570 a.C. Era um tempo de prosperidade no Antigo Egito, e foram construídos templos luxosos em homenagem a Amon-Rá, com destaque para o Templo de Amenófis III, faraó da XVIII Dinastia. O maior templo dedicado a Amon-Rá, no entanto, era o Templo de Karnak, cujas obras começaram no ano 2200 a.C.
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