Conheça 8 paradoxo famosos que vão te botar para pensar

Fala-se muito sobre paradoxo e questões que são paradoxais. Mas você sabe exatamente o que essa palavra significa? Consegue buscar exemplos do significado dessa palava de origem latina (paradoxon) e grega (parádoxos)?

A palavra é composta do prefixo para, que significa "contrário a", conjugada ao sufixo nominal doxa, que quer dizer "opinião". O termo é tão complexo que se aplica à linguística, à matemática, à física e também à filosofia. Mas, para além disso, os paradoxos também aparecem em questões éticas do dia a dia da vida de todos nós.

O que é um paradoxo?

O paradoxo é uma figura de linguagem que indica contradição. Pode ser chamado também de oxímoro. É uma ideia coerente e bem estruturada, mas que apresenta elementos contraditórias à sua própria estrutura. Se trata de um raciocínio com duas ideias, em que uma se opõe à outra. É também definido como algo contrário à opinião ou ao senso comum.

Alguns exemplos de frases e expressões paradoxais ajudam a entender melhor o seu significado: "O silêncio é a melhor palavra" ou "pobre menino rico" e também a famosa frase de Camões: "o amor é ferida que dói e não se sente".

8 paradoxos famosos que vão confundir a sua cabeça

Paradoxo de Zenão

Estima-se que esse filósofo, da era pré-socrática, tenha desenvolvido cerca de 40 paradoxos, mas apenas 8 deles sobreviveram aos tempos atuais. Seus argumentos eram todos no sentido de provar que o universo seria único, imutável e imóvel.

Seu mais famoso paradoxo é o de Aquiles e a Tartaruga, que propõe uma corrida entre os dois, na qual a tartaruga larga com uma considerável distância de vantagem. Segundo ele, quando Aquiles alcança o ponto de partida da tartaruga, ela já avançou. Portanto, segundo Zenão, Aquiles jamais alcançará a tartaruga, pois ela sempre estará avançando e isso pode acontecer de maneira contínua e infindável.

Segundo o raciocínio de Zenão, não importa quanto tempo passe, Aquiles nunca irá alcançar a tartaruga. Isso porque ele se baseia no conceito de referencial. A tartaruga passa a ser o referencial do movimento de Aquiles e ele é regido pelo espaço dela. Contudo, a incoerência desse paradoxo é clara, já que quando é feita uma análise temporal, nota-se que Aquiles alcançaria a tartaruga em um intervalo fixo de tempo.

Paradoxo do avô

Um dos mais famosos paradoxos, sem desfecho até hoje, é chamado do paradoxo do avô: uma pessoa volta no tempo e mata, no passado, aquele que seria o seu avô no futuro. Ora, se o avô foi morto ainda criança, então a pessoa que cometeu o crime não poderia ter nascido. Mas se ela não tivesse nascido, quem teria cometido o crime contra o avô?

É um paradoxo que pode ser solucionado em duas vertentes: a primeira, a partir da existência de universos paralelos; e a segunda, com a possibilidade de existência de uma máquina do tempo.

Paradoxo dos Gêmeos

Também conhecido como Paradoxo de Langevin, envolve a dilatação temporal: um homem faz uma viagem espacial em uma nave de grande velocidade. Quando ele retorna à Terra, está mais novo que o seu irmão gêmeo, que ficou aqui movendo-se em velocidades cotidianas.

O irmão que viajou estava a uma velocidade próxima à velocidade da luz, já o que está na Terra permanece em repouso. Por isso, seria possível afirmar que o tempo corre mais devagar para aquele que está na nave.

Paradoxo do mentiroso

O paradoxo de Epiménides é um dos inúmeros (e o mais famoso) paradoxos do mentiroso existentes. Epiménides disse: "Todos os cretenses são mentirosos". Sendo que ele mesmo era um cretense. Ora, se todos os cretenses são mentirosos, será que ele está falando a verdade? E se estiver falando a verdade, a sua afirmação já não será correta, pois ele não estaria dizendo uma mentira.

Paradoxo de Fermi

Esse paradoxo levanta a contradição entre a forte probabilidade de existir vida extraterrestre, além de outros planetas semelhantes à Terra no Universo - dado a sua imensidão e idade (aproximadamente 14 bilhões de anos) -, e o fato de que, até hoje, nunca foi comprovada a existência de outras formas de vida inteligente em outros planetas.

Paradoxo de Epicuro

Se baseia nas três principais características do Deus judaico: omnipotência, onisciência e onibenevolência e da existência do mal no mundo. Para Epicuro, se duas características forem verdadeiras, a terceira é necessariamente falsa.

  • Se Deus é onisciente e onipotente, isso significa que ele tem conhecimento de todo o mal e tem poder para acabar com ele. Mas não o faz. Então, ele não é onibenevolente.
  • Se Deus é omnipotente e onibenevolente, isso quer dizer que ele tem poder para extinguir o mal e quer fazê-lo, pois é bom. Mas ele não o faz, por não saber o quanto mal existe e onde o mal está. Logo, ele não é omnisciente.
  • Se Deus é omnisciente e omnibenevolente, então ele sabe de todo o mal que existe e quer mudá-lo. Mas ele não o faz, pois não é capaz. Portanto, ele não é omnipotente.

Paradoxo do quadro Relativity

Um dos quadros mais famosos que exibem um paradoxo é o Relativity, do artista gráfico holandês M. C. Escher. Nele, você vê padrões geométricos que se confundem. Se trata de uma "pegadinha visual", na qual você tem diferentes interpretações de acordo com ângulo em que olha para a obra.

Paradoxo do Soneto da Fidelidade

O poetinha Vinícius de Moraes também usava a figura de linguagem em suas composições. Um de seus mais famosos versos é um verdadeiro paradoxo. No Soneto da Fidelidade, o poeta finaliza seus versos assim:

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Se o amor é infinito, irá durar para sempre. Mas se o amor for infinito apenas enquanto durar, então, deixa de ser necessariamente infinito.

Principais tipos de paradoxo

Paradoxos verídicos

São paradoxos cujos resultados não são intuitivos, ainda assim estão baseados em resultados corretos. Nesta lista se encaixam os paradoxos matemáticos/lógicos, os paradoxos psicológicos/filosóficos e os paradoxos físicos. O Paradoxo dos Gêmeos é um desses exemplos.

Paradoxos falsídicos

São os paradoxos cujos resultados são incorretos, baseados em raciocínios falsos. Nesta definição entram também as antinomias, que trazem axiomas e falhas de raciocínio e as antinomias de definição, que são de interpretação ambíguas. Nesse caso se encaixa o Paradoxo de Epiménides.

Paradoxos condicionais

São os paradoxos que dependem de certas premissas, mesmo que algumas vezes elas sejam falsas ou incompletas. Como o Paradoxo de Fermi, que depende da real comprovação de vida extraterrestre para ser comprovado.

Paradoxos na arte

As expressões artísticas, musicais e a poéticas, muitas vezes, apresentam questões paradoxais. Salvador Dali, por exemplo, era um mestre do surrealismo e pintava quadros que eram, por si só, imagens paradoxais, que poderiam ser interpretadas como uma coisa ou exatamente como o seu oposto.

Na poesia, o poeta baiano Castro Alves já declamava: "Dor tu és um prazer" e Carlos Drummond de Andrade dizia: "Estou cego e vejo". E na música, o renomado cantor Renato Russo, ídolo absoluto das gerações de 80 e 90, abusava do paradoxo em suas letras. Na música Baader-Meinhof Blues, da Legião Urbana, ele cantava:

"Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber..."

Questões éticas que são paradoxais

O ser humano e os diversos modelos de sociedades são cheios de questões éticas e morais que nos colocam em verdadeiros paradoxos. Mas essas mesmas questões levantam questionamentos importantes para o aprimoramento dos cidadãos.

Veja uma questão simples: uma população de determinado país clama por menos corrupção na política. Mas essa mesma população acha comum cometer certos delitos, como furar filas, sonegar impostos e dirigir pelo acostamento.

Ora, os políticos nada mais são que cidadãos que representam a população. Uma população corrupta que exige honestidade dos políticos, é paradoxal.

Veja outras figuras de linguagem

Os recursos de linguagem que usamos no dia a dia, nada mais são do que gatilhos para facilitar a comunicação. As figuras de linguagem nos ajudam a especificar o significado das orações e deixar a emissão mais compreensível. Além do paradoxo, existem outras muito usadas:

Metáfora

Ocorre quando muda-se o significado de alguma coisa para fazer uma comparação entre termos. Como, por exemplo, quando se fala: "Para sobreviver, precisamos matar um leão por dia". Essa é uma metáfora usada para se dizer que para sobreviver é preciso lutar incansavelmente.

Antítese

Apresenta palavas de sentidos opostos na mesma sentença para contrapor uma ideia e gerar um contraste. Como nos versos de Lulu Santos, quando ele diz: "Não existiria som se não houvesse o silêncio. Não haveria luz se não fosse a escuridão".

Eufemismo

É uma maneira de amenizar a mensagem, usar palavras mais suaves para dizer alguma coisa: "João é desprovido de inteligência" é um eufemismo para: "João é burro". Um exemplo muito famoso de eufemismo é a frase muito usada ao dizer para crianças que diz que "o gato subiu no telhado", em vez de dizer que "o gato morreu".

Hipérbole

Ao contrário do eufemismo, a hipérbole não ameniza, ela aumenta a expressividade. É um exagero usado para reforçar uma ideia. Dizer que "viu uma barata gigante" ou que "está morrendo de rir" e até mesmo dizer que "vai virar um pinguim de tanto frio".

Pleonasmo

Usamos mais do que percebemos! É um vício de linguagem que nos faz cometer pequenas redundâncias na nossa linguagem diária. Como dizer: "fato real" - se é um fato, é real -, "adiar para depois" - se vai adiar, automaticamente ficará para depois -, ou mesmo "encarar de frente" - encarar já é olhar de frente.

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