O maior planeta do Sistema Solar é observado pelos seres humanos desde a Antiguidade. Mas foi só há algumas décadas, mais precisamente na década de 1970, que se iniciou a exploração do planeja Júpiter a partir de sondas - naves espaciais não tripuladas.
Desde então, temos acumulado cada vez mais informações sobre a origem e a constituição desse planeta, o quinto do Sistema Solar mais próximo do Sol, localizado a 962 milhões de quilômetros da Terra.
1. Júpiter não tem solo
Sabemos que a Terra tem superfícies sólidas, onde construímos cidades, caminhamos e vivemos. A Lua também é assim: as pegadas dos astronautas do programa Apolo podem ser vistas até hoje em solo lunar.
Mas Júpiter não. Trata-se de um planeta sem superfície sólida, o que significa que seria impossível fincar uma bandeira tal como Neil Armstrong e Buzz Aldrin, os primeiros astronautas a pisar na Lua, fizeram. Na verdade, não seria possível nem pisar em Júpiter.
Mas, afinal, do que esse planeta é feito? De gás e líquido. Se viajássemos através de sua atmosfera, daríamos de frente não com uma porção de terra ou rochas, mas com uma substância fluida, hidrogênio metálico líquido, para além do qual se supõe que haja um núcleo denso e rochoso.
2. A atmosfera de Júpiter é profunda e maciça
A atmosfera em Júpiter é composta por 82% de hidrogênio, 17% de hélio e pequenas quantidades de amônio, amoníaco, água e metano. Ou seja, nada de oxigênio, elemento químico essencial para que se possa respirar.
Descobertas recentes da sonda Juno revelam que a atmosfera de Júpiter tem espantosos 3 mil quilômetros de profundidade. A atmosfera da Terra, comparada com a de Júpiter, é pequena: apenas 120 km.
Essa super atmosfera corresponde a 1% da massa de todo o planeta. A título de comparação, a atmosfera terrestre compreende nem um milionésimo da massa de nosso planeta.
Isso significa que a atmosfera de Júpiter é bem maciça e profunda. Daí o apelido de "gigante gasoso".
3. Por lá as temperaturas são congelantes...
Caso o ar fosse respirável e houvesse uma superfície sólida para pisar, você certamente não suportaria as baixíssimas temperaturas da superfície de Júpiter, que costumam rondar os -110ºC, podendo chegar a -140ºC!
Só para se ter uma ideia, a temperatura mais baixa da superfície da Terra foi registrada na Antártida, no dia 21 de julho de 1983: -89,2°C. A temperatura média da Terra é de 14,7ºC.
4. Tudo sobre Júpiter: números de um planeta gigante
Vejamos alguns números do maior planeta do Sistema Solar comparados com os da Terra:
Diâmetro equatorial
- Júpiter: 142.880 km
- Terra: 12.742 km
Diâmetro polar
- Júpiter: 133.200 km
- Terra: 12.713 km
Área da superfície
- Júpiter: 61,4 bilhões de km²
- Terra: 510 milhões de km²
Isso significa que, em área, seriam necessárias 121 Terras para cobrir toda a superfície de Júpiter.
Massa de Júpiter
Para evitar números com muitos e muitos zeros (já que massas de planetas são números altíssimos), basta dizer que Júpiter corresponde, em quilos, a quase 318 planetas Terra.
5. Um mau tempo sem fim
Você reclama quando chove por uns quatro, cinco dias? Então saiba que em Júpiter isso não é nada. No "gigante gasoso", o clima é para lá de turbulento. Todos os dias são nublados e as tempestades, além de enormes, podem durar séculos!
A atmosfera de Júpiter parece cenário de fim de mundo, com muitas nuvens, tempestades maiores que a Terra, ventos de quase centenas de quilômetros por hora, redemoinhos terríveis e relâmpagos mil vezes mais poderosos do que os que presenciamos nas tempestades terrestres.
6. A Mancha Vermelha Gigante é uma dessas enormes tempestades
A Mancha Vermelha de Júpiter é bem famosa. Chega a ser sua marca registrada. Foi avistada pela primeira vez em 1665 pelo astrônomo italiano Giovanni Cassini (1625-1712). Mas só em 1979 os cientistas confirmaram se tratar de uma tempestade. Uma tempestade que dura há pelo menos três séculos. Dá para imaginar?
Além de antiga, essa tempestade é gigantesca, um pouco maior que o nosso planeta. No meio dela, os ventos chegam a 400 km/h, bem mais violentos que os piores furacões já registrados por aqui.
Só para se ter uma ideia da violência desses ventos, um furacão de categoria 5, capaz de destruir qualquer coisa que encontra pela frente, chega a ter ventos de 250 km/h. A velocidade dos ventos da grande tempestade vermelha é quase o dobro disso.
Essa mancha é monitorada desde 1830 e, segundo os cientistas, vem diminuindo ano a ano. Não se sabe ao certo se essa diminuição é um evento momentâneo ou se a mancha continuará diminuindo até desaparecer completamente. Se isso acontecer, será o fim da maior das tempestades de que temos notícia!
7. O que são as belíssimas faixas coloridas
Outra característica visual do "planeta gasoso", além da Mancha Vermelha Gigante, são as suas faixas coloridas, que parecem ter sido pintadas a mão. Essas faixas são correntes ou jatos gasosos que compreendem amplas faixas de latitude. Esses ventos sopram em direções opostas.
As diferenças de cor são explicadas por diferenças químicas e reações químicas entre elementos da atmosfera do planeta.
8. Júpiter possui 79 satélites
Júpiter só fica atrás de Saturno em número de satélites naturais, que são corpos (também chamados de luas) que orbitam em torno de um planeta maior.
Os quatro maiores foram descobertos pelo astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) em 1610. Seus nomes são Io, Europa, Ganímedes e Calisto. O maior deles é Ganímedes. Com diâmetro de 5.268 km, esse satélite chega a ser maior que o planeta Mercúrio.
9. Há possibilidade de existir vida em Júpiter?
Em julho de 2018 cientistas da Nasa publicaram um artigo que causou espanto em muita gente: há grandes possibilidades de existir vida em uma das luas de Galileu, a Europa.
Essa suspeita, aliás, não é nova. Isso porque Europa possui água em forma líquida sob a camada de gelo que cobre sua superfície. Não há em todo o Sistema Solar lugar mais favorável para o desenvolvimento de vida extra-terrestre do que Europa.
Para comprovar essa hipótese, seria necessário enviar uma sonda que conseguisse colher material da superfície de Europa, a fim de se encontrarem vestígios de vida. Em altas latitudes, onde a radiação é menor, seria possível encontrar esses vestígios a poucos centímetros de profundidade.
Missões de pouso em Europa ainda não estão agendadas. Mas a missão Clipper, cujo lançamento está marcado para 2022, pretende, entre outras coisas, encontrar o melhor lugar do satélite para um pouso futuro.
10. Júpiter: o planeta que tem nome de deus
Quem batizou o planeta foram os romanos, homenageando o Senhor do Céu, o chefe supremo de sua mitologia que corresponde a Zeus na mitologia grega. Nada mais justo que o maior planeta de todo o Sistema Solar recebesse o nome do deus dos deuses, Júpiter.