Gripe espanhola: 10 fatos sobre a pandemia que matou mais que as Guerras Mundiais
Na primavera de 1918, uma doença começou a varrer o planeta: um vírus letal que infectou um terço da população mundial e deixou mais de 50 milhões de mortos.
A gripe espanhola, como ela foi chamada, foi uma pandemia causada pelo vírus da gripe Influenza A, e mesmo um século depois de sua mortífera estreia, os mistérios que cercam essa gripe continuam a atormentar os epidemiologistas. Confira então alguns dos fatos mais surpreendentes sobre ela.
1. A gripe espanhola não começou na Espanha
A pandemia que ficou conhecida em todo o mundo como "gripe espanhola”, não teve origem na Espanha. Os primeiros casos foram oficialmente registrados em março de 1918 em Camp Funston, uma base militar no Kansas. Em seis semanas, a doença atingiu as trincheiras da frente ocidental na França, e só em maio a gripe eclodiu na Espanha.
Mas ao contrário dos Estados Unidos e da França que estavam muito envolvidos com a Primeira Guerra Mundial, a Espanha era neutra e por isso não censurou sua imprensa. Esta focou em cobrir as mortes de milhares de pessoas no mundo causadas pela doença.
A pandemia então ficou conhecida como "gripe espanhola" devido ao destaque que a imprensa da Espanha deu para ela.
2. Acreditavam que o causador era uma bactéria, e não um vírus
Em 28 de setembro de 1918, um jornal espanhol deu uma pequena explicação sobre o que estaria causando tantas mortes no país, porém, informando que o motivo seria uma bactéria.
E não foi apenas um jornal espanhol que identificou erroneamente o agente causador da doença. A ideia de que a gripe fosse causada por um bacilo, ou bactéria, foi aceita pelos cientistas mais eminentes da época, que se encontravam desamparados diante da situação.
Quando os cientistas pensaram em "germes" no início do século 20, geralmente pensavam em bactérias, pois o vírus era um conceito novo. O primeiro vírus, descoberto em 1892, infectou plantas de tabaco e foi detectado indiretamente por sua capacidade de transmitir doenças. Por isso, muitos cientistas nem mesmo acreditavam no poder mortífero dos vírus, e nem que um deles poderia ser o causador dessa pandemia.
3. O vírus e outras epidemias
O vírus da gripe espanhola é uma estripe já extinta do subtipo do vírus da gripe Influenza A H1N1. O H1N1 é o maior responsável pela gripe comum em todo mundo, e suas diversas mutações já causaram uma série de epidemias além da gripe espanhola. Uma das mais famosas foi a gripe suína de 2009.
4. A Primeira Guerra Mundial e a pandemia
As péssimas condições de higiene nas trincheiras contribuíram muito com a propagação de diversas doenças, incluindo a gripe espanhola. A movimentação de diversas tropas ao longo do globo também ajudou muito para que a epidemia tomasse um nível mundial.
5. Gripe espanhola matou mais homens que a Primeira Guerra Mundial
Na 1ª Grande Guerra Mundial, mais de 9 milhões de pessoas morreram durante os quatro anos de batalha. Por outro lado, estima-se que entre o primeiro caso registrado em março de 1918 e o último em março de 1920, cerca de 50 milhões de pessoas morreram pela gripe espanhola, embora alguns especialistas sugiram que o total possa ter sido o dobro desse número.
Ou seja, a "gripe espanhola" matou mais do que a Primeira Guerra Mundial, e possivelmente até mais do que a Segunda.
6. A pandemia de gripe espanhola chegou ao Brasil
O Brasil não ficou fora da pandemia de gripe. Só no Rio de Janeiro morreram mais de 14 mil pessoas!
Durante a crise, Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz e implementou cinco hospitais emergenciais e 27 postos de atendimento para a população no Rio. Estima-se que nesse período mais de 65% da população tenha ficado doente.
7. Os métodos caseiros de combate à gripe
Em meio à pandemia, muitos métodos caseiros de combate à gripe começaram a ser divulgados nos jornais, mesmo não tendo nenhuma comprovação científica de sua eficácia.
As pessoas recomendavam queimar alfazema, acender incensos e até fumar para tratar a gripe.
8. Os principais sintomas da gripe espanhola
A gripe espanhola começava com os mesmos sintomas de uma gripe normal: dor de cabeça, febre alta, cansaço e mal-estar. Porém, os sintomas logo evoluíam para um quadro com manchas no rosto, pele azulada pela falta de ar, tosse com sangue e hemorragia interna. As pessoas morriam pouco depois de chegar aos hospitais.
9. A gripe espanhola não tinha cura
Apesar dos tratamento paliativos, a gripe espanhola não tinha uma cura. Só muito recentemente que se criaram medicamentos capazes de agir contra o vírus da gripe.
A pandemia acabou naturalmente após afetar grande parte da população mundial, com o último caso registrado em 1920.
10. Algumas personalidades sobreviveram à gripe espanhola
A gripe espanhola também atingiu personalidades da época, e algumas felizmente sobreviveram. Entre os famosos estão Walt Disney, a pintora Georgia O'Keeffe, as estrelas do cinema mudo Mary Pickford e Lillian Gish, e o pintor Edvard Munch.