Grécia Antiga: 25 fatos interessantes sobre a civilização que mudou o mundo!
O período da história conhecido como Grécia Antiga se estabeleceu entre os anos de 1.100 a.C. e 146 a.C. A civilização que nos referimos quando contamos esta história não estava localizada em um país unificado, mas sim em um conjunto de cidades que possuía a mesma língua (o grego antigo), costumes em comum (como práticas religiosas) e compartilhavam leis (que se transformaram ao longo dos séculos).
Formação da Grécia Antiga e organização política
1. A Grécia Antiga estava espalhada por diversas regiões ao longo do Mar Mediterrâneo e do Mar Morto
A Grécia antiga tinha como principais pólos a Península do Peloponeso (onde encontramos Esparta) e a Península Ática (onde encontramos Atenas), mas também se estendia por ilhas espalhadas por todo o Mar Mediterrâneo, com colônias no Norte da África e na Península Ibérica. Ao redor do Mar Negro, existiam colônias que chegavam até à Ásia Menor.
2. Os períodos históricos da Grécia Antiga podem ser divididos em 5 partes
Os historiadores resumem a história da Grécia Antiga em cinco períodos:
- Pré-Homérico (2000 a.C - a 1.200 a.C.)
- Homérico (1.200 a.C - 800 a.C.)
- Arcaico (800 a.C - 500 a.C.)
- Clássico (500 a.C - 338 a.C.)
- Helenístico (338 a.C - 146 a.C)
3. A formação da Grécia Antiga se deu no Período Pré-Homérico
O Período Pré-Homérico é caracterizado pela formação da civilização grega através da miscigenação entre diversos povos. Os primeiros habitantes foram os pelágios ou pelasgos, que ocupavam a região litorânea do Mar Egeu.
As comunidades formadas por estes primeiros habitantes foram assimiladas por povos indo-europeus, que invadiram a região a partir do ano de 2.000 a.C. Os Aqueus foram os primeiros a chegar e concentraram-se na Península do Peloponeso, onde fundaram várias cidades, entre elas Micenas e Tirinto.
Outros povos que chegaram à região foram os Éolios, os Jônios e por último os Dórios, que destruíram grande parte das cidades estabelecidas na parte continental da Grécia. Eles foram os responsáveis pelo que ficou conhecido como a “primeira diáspora grega”.
4. No Período Homérico foram criadas as obras Ilíada e Odisséia
Após a invasão dos dórios e a dispersão de outros povos gregos pela região, a Grécia passou por um período de reestruturação. O Período Homérico teve como principal característica o surgimento dos genos, colônias que possuíam uma organização social familiar, autônoma e de trabalho coletivo lideradas pelo pater (daí o surgimento do nome patriarcado), chefe da família que tinha autoridade política, econômica e religiosa.
Esse sistema de organização, no entanto, não se sustentou e as comunidades gentílicas foram desestruturadas durante este período. Dessa forma, surgiu uma nova estrutura social, com pessoas que detinham grande poder e propriedades privadas sob pessoas menos abastadas.
Assim surgiram as primeiras cidades-estados, as classes sociais e a propriedade privada. Foi neste período que foram criadas as influentes obras épicas A Ilíada e a Odisséia de Homero e é este o motivo do nome deste período.
5. Foi no Período Arcaico que os Jogos Olímpicos começaram
O terceiro Período da Grécia Antiga, o Arcaico, foi marcado pelas transformações políticas e econômicas através do estabelecimento das cidades-estados. As mais famosas delas eram Atenas e Esparta. Foi neste período que surgiu a democracia na cidade de Atenas.
As cidades-estados possuíam núcleos urbanos e se tornaram centros comerciais, com autonomia e independência entre si. A cultura desta época é uma das mais influentes para o mundo ocidental. Foi neste período que a pintura, a escultura, o artesanato e a filosofia grega começaram a prosperar.
No Período Arcaico também surgiram os Jogos Olímpicos, com a participação de pessoas de diversas cidades-estados para competirem em diversas modalidades esportivas, de força e de luta. Estes jogos são reconhecidos pela sua relação com a religião grega, pois estavam envolvidos por diversas lendas da mitologia grega.
6. As Guerras mais famosas se deram no Período Clássico
As Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso ocorreram no Período Clássico da Grécia Antiga. A primeira aconteceu quando os persas tentaram invadir a Grécia, que conseguiu deter a invasão por suas táticas militares e conhecimentos da região. Foi neste período que alianças políticas se formaram, como a Liga de Delos, organizada por Atenas.
Com a Liga de Delos, os atenienses tentaram reprimir e impor condições políticas e econômicas sob outras cidades-estados. Esse foi um dos motivos para a eclosão da Guerra do Peloponeso, que tinha Esparta e sua Liga do Peloponeso como adversária da Liga de Delos.
A vitória dos espartanos deu origem a um período imperialista e de mais conflitos para a região da Grécia Antiga, que se viu vulnerável às invasões de Felipe II da Macedônia.
7. O Período Helenístico foi marcado pela disseminação do ideal de Alexandre, o Grande
Sob domínio do Rei Felipe II, a Macedônia ascendeu politicamente e militarmente e eventualmente conseguiu conquistar a enfraquecida e vulnerável sociedade grega. Quando Felipe foi assassinado, seu filho, Alexandre, o Grande, deu continuidade à expansão territorial macedônica.
Alexandre expandiu o império para regiões como a Índia, a Ásia Menor e o Egito, sendo a cidade conhecida como Alexandria uma das mais influentes neste período. Foi lá que a famosa Biblioteca de Alexandria foi construída. Alexandre promoveu uma certa 'mistura cultural' entre as regiões conquistadas, mas faleceu jovem, possivelmente vítima de malária na Babilônia.
A influência helenística, como ficou conhecida essa miscigenação entre a cultura ocidental e oriental, influenciou sociedades que surgiram a partir de então. Depois de sua morte, o reino da macedônia se desintegrou.
8. Antes da democracia, a Grécia Antiga também teve governos monárquicos, oligárquicos e tirânicos
A democracia é sem sombra de dúvidas uma das maiores influências como forma de governo que herdamos da Grécia Antiga. Ela tem como característica principal dar poder ao povo. Essa forma de governo se estabeleceu em Atenas durante o Período Clássico como oposição à tirania que tinha sido estabelecida naquela cidade-estado.
Outras formas de governos que também influenciaram diversas partes da história da humanidade e se desenvolveram na Grécia Antiga foram:
Monarquia: Durante o Período Pré-Homérico, os povos micênicos tinham como forma de governo a monarquia, ou seja, o poder estava concentrado nas mãos de uma única pessoa, na figura de um rei.
Oligarquia: Esta forma de governo esteve presente, principalmente, no período Homérico. A oligarquia é quando o poder está concentrado nas mãos de poucas pessoas. Geralmente, este governo é comandado por famílias aristocráticas que herdam o poder econômico e político sob uma população.
Tirania: “Usurpador com poder supremo” é o que significa a palavra grega tyrannos. Esta forma de governo esteve presente na Grécia Antiga, em especial, no Período Arcaico e Clássico, quando indivíduos tomavam o poder para si em diversas cidades-estados gregas. O último tirano a governar Atenas foi Hípias, entre os anos de 527 a.C. e 510 a.C.
Religião na Grécia Antiga
9. Os mitos eram uma forma de explicar os fenômenos
Quando falamos de mitologia, estamos nos referindo a um conjunto de histórias que ajudam a explicar diversas questões da natureza humana para um povo. Na cultura da Grécia Antiga, a religião se apoiava justamente na mitologia que conhecemos hoje, com seus populares deuses que continuam influenciando histórias contemporâneas.
Estes mitos eram uma forma que os gregos tinham de explicar os fenômenos da natureza, a criação do mundo e a natureza humana. Eles eram propagados oralmente e os rituais eram uma das formas mais importantes de manter viva a tradição ao longo das gerações.
10. Eles acreditavam em gerações de deuses que criaram o mundo
A primeira geração de deuses são chamados de primordiais. Eles explicam a origem do universo e dos fenômenos naturais. Entre eles, destacam-se o Caos (representante do estado anterior ao mundo conhecido), Cronos (que representava o tempo), Gaia (que representava a Terra) e Urano (que representa o céu).
A Era dos Titãs é a chamada segunda geração de deuses na Mitologia Grega. O rei dos Titãs era Cronos. Com a esposa Reia teve 6 filhos: Héstia, Deméter, Hera, Hades, Poseidon e Zeus. Após 10 anos de luta, Zeus conseguiu destronar Cronos na chamada Guerra dos Titãs, foi assim que ele se tornou o deus supremo da Era dos Deuses do Olimpo.
Conheça a história de Zeus, o maior deus da mitologia grega
A partir daí, surgem as histórias mais conhecidas da mitologia grega, com destaque para os mitos de Afrodite, Hades, Poseidon, Apolo, Atena e muitos outros.
Para saber mais sobre a mitologia e os deuses gregos, veja: Tudo o que você precisa saber sobre os deuses da mitologia grega
11. A religião era uma forma de unir as pessoas
A chamada religião cívica na Grécia Antiga era o envolvimento da cidade publicamente com a religião. Como cada cidade se voltava ao culto de um certo deus, a religião era uma ferramenta de união entre as pessoas que cultuavam deuses em comum.
Festas, ritos e cerimônias eram realizadas em celebração aos deuses e a partir do Período Arcaico os primeiros templos começaram a surgir nas cidades. Os de maiores destaques eram o Templo de Atenas, na Acrópoles e o Templo de Zeus, que possuía uma das “7 maravilhas do mundo antigo”: uma estátua de Zeus de cerca de 13 metros de altura.
12. Alguns gregos contemporâneos ainda acreditam nos deuses da mitologia
Hoje, o cristianismo, através da Igreja Ortodoxa Grega, domina como a principal religião na Grécia. Contudo, desde o começo dos anos de 1990, movimentos revivalistas começaram a retomar certas práticas e crenças que estiveram presentes na Grécia Antiga há mais de 2000 anos.
Chamada de religião nacional dos helenos, helenismo ou reconstrucionismo politeísta, estas pessoas realizam encontros e cerimônias em nome de deuses da mitologia grega, tais como Zeus, Poseidon e Atenas. Esses grupos sofrem diversos tipos de preconceito contra membros da influente Igreja Ortodoxa Grega, que barram leis para que estas organizações não sejam reconhecidas como uma religião legítima.
Cultura Grega
13. A filosofia grega fundamentou o conhecimento da sociedade ocidental
Com uma história que já dura mais de 2.500 anos, a filosofia grega surgiu como forma de explicar o mundo por meio da lógica e da razão em contraposição à tradição de mitologia que estava estabelecida sem questionamentos até então.
A filosofia grega pode ser dividida em três partes: o período pré-socrático, o período socrático e o período helenístico. Através de uma forma de pensamento baseada na metodologia, os gregos deram luz à uma nova forma de conhecimento que é utilizada até os dias de hoje e influenciou, em especial, as sociedades ocidentais.
14. A escultura na Grécia Antiga era uma forma de ilustrar valores daquela sociedade
No imaginário popular, as esculturas na Grécia Antiga apresentavam principalmente figuras hiper-masculinas em mármore branco. Contudo, a tradição dessa arte também possui diversos períodos e estilos ao longo dos milênios que esta sociedade foi sendo estabelecida.
Cerâmicas, estatuetas de barro e bronze, além de armas e adornos são encontrados nos mais diversos estilos artísticos e datam 650 a.C. Contudo, o período Clássico e Helenístico são indiscutivelmente os mais influentes nesta arte e possuíam entre várias funções ilustrar diversos valores da sociedade, como a religião, a política, a ciência e o saber.
15. A literatura grega deu origem a diversos gêneros que conhecemos hoje
A época mais lembrada da literatura grega antiga é a clássica, quando os épicos poemas de Homero foram propagados. Outro poeta oral que se destacou neste período foi Hesíodo. Além deles, a filosofia de Platão e Aristóteles fazem parte da literatura grega e as peças teatrais de Ésquilos, Sófocles e Eurípes tiveram grande influência nas artes.
16. A arquitetura grega projetava autoridade e poder, sendo ainda hoje utilizada com estes propósitos
Não é à toa que diversos prédios culturais e instituições de poder utilizam referências da arquitetura grega clássica. As imponentes colunas que foram estabelecidas em centenas de templos e casas naquela época eram uma afirmação de permanência e autoridade.
Desde a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro até a Suprema Corte dos Estados Unidos, a influência da arquitetura grega pode ser vista com o propósito de dar opulência e autoridade a estas instituições.
17. Utilizamos conceitos da ciência e tecnologia grega até hoje
O teorema de Pitágoras e diversos outros conceitos matemáticos que estudamos ainda hoje surgiram no período da Grécia Antiga. Além disso, os gregos também foram responsáveis por diversas teorias sobre a Terra, como o fato de que ela gira em torno do próprio eixo e de que o nosso planeta não está no centro do universo.
Eratóstenes, outro matemático grego, conseguiu calcular com grande precisão a circunferência da Terra e Hipócrates é considerado o “pai da medicina”, sendo citado na graduação de estudantes deste ofício até hoje.
18. Os Jogos Olímpicos eram também um ritual religioso
Além das tradicionais provas de corrida, os jogos olímpicos na Grécia Antiga também possuíam modalidades como o boxe, a luta livre, os eventos com cavalos, os lançamentos de discos e dardos e as provas de salto.
Estudiosos apontam que os Jogos Olímpicos gregos tiveram início em 776 a.C. Diversas lendas estão associadas a eles, entre elas, a de que ao fim dos 12 trabalhos realizados por Hércules, o deus construiu o estádio olímpico em homenagem a seu pai, Zeus.
Veja quais foram os 12 trabalhos de Hércules
Este evento era também uma forma de estabelecer práticas religiosas, tais como o sacrifício de animais em honra a Zeus.
Outros fatos curiosos e rápidos sobre a Grécia Antiga
19. Eles verificavam o gosto da cera de ouvido como forma de diagnosticar doenças
Essa era uma prática comum aos médicos e creditada inclusive à Hipócrates, considerado o "pai da medicina". Ele acreditava que os fluídos corporais de uma pessoa poderiam revelar doenças e outros problemas de saúde de acordo com o gosto que eles possuíam.
20. A barba era um sinal de masculinidade e inteligência
A barba pode ser vista como sinal de masculinidade desde a Grécia Antiga, em especial, através da arte que representava os homens deste período. Ela também era associada à inteligência. Você pode notar, por exemplo, que na representação da maior parte dos filósofos gregos eles aparecem com barbas em pinturas e esculturas. Foi apenas com a ascensão de Alexandre, o Grande que raspar a barba começou a ser encorajado.
21. O suor dos atletas era vendido como remédio
Os atletas eram tão celebrados na Grécia Antiga ao ponto de as pessoas acreditarem que o suor destes homens fosse medicinal e sagrado. Após os eventos, o suor de muitos atletas eram colocados em jarros e vendidos como remédio para dores no corpo e outros problemas de saúde.
22. Um copo de água para quatro taças de vinho mantinha a sobriedade
Apesar de terem fama de beber muito vinho, grande parte dos gregos consideravam a embriaguez como um sinal de barbaridade condenável. Uma prática comum naquela época era diluir o vinho em uma proporção de 4 partes de álcool para 1 de água.
23. Bebês com deficiência eram abandonados ou sacrificados
Apesar de ser mais associada aos espartanos, a prática de matar ou abandonar bebês com deficiência aconteciam por toda a Grécia Antiga. A justificativa era de que apenas os homens mais fortes sobreviveriam em sociedade.
24. Grande parte dos homens gregos tocavam algum instrumento musical
Independente da classe social, a maioria dos homens gregos na antiguidade possuíam alguma inclinação musical. Muitos tocavam instrumentos como a harpa e a flauta, sendo a música uma grande parte da cultura na época.
25. Nos casamentos espartanos a prática do “rapto” da esposa era comum
Se hoje possuímos o mito da “donzela em perigo” que precisa ser salva pelo corajoso cavalheiro, grande parte da influência vem dos casamentos espartanos. Quando uma mulher se casava com um espartano, era comum que elas tivessem seus cabelos raspados e fossem colocadas em cavernas. Dessa forma, seu marido iria ao seu resgate e sequestrava a mulher nesta situação. Apesar desta prática bárbara ser comum, as mulheres em Esparta possuíam relativamente mais direitos e influência do que em outras partes da Grécia Antiga.
Veja também: Mitologia grega: os 20 principais mitos da Grécia Antiga