Antártida: conheça os maiores mistérios desse continente congelado

A Antártida, ou Antártica, é um continente que chama a atenção devido às suas características. Ele é o maior deserto do mundo, o local mais frio do planeta, além de ser o único continente que não possui nenhum país.

Devido ao seu ambiente inóspito para os humanos, esse é o continente menos explorado do mundo, e por isso continua sendo envolto por vários mistérios.

Mas apesar disso, aos poucos os cientistas avançam em seu trabalho, descobrindo cachoeiras vermelhas, criaturas estranhas, fósseis, meteoritos e até mesmo lagos e montanhas escondidas por baixo desse continente congelado.

Os desertos de gelo e areia

Quando pensamos em deserto, temos uma imagem sobre planícies quentes e calor. Mas a verdade verdade é que o maior deserto do mundo é a Antártica.

O clima do continente é extremamente seco, com muito vento e pouca chuva, além de 99% do seu território ser coberto por gelo. Porém, em seu 1% restante, estão os chamados Vales secos de McMurdo. Essa região possui dunas de areia que alcançam até 70 metros de altura e 200 metros de largura.

Esses vales, também chamados de Vales da Morte da Antártida, têm um clima semelhante ao de Marte e são conhecidos como o local mais seco de todo o planeta Terra.

Existem lagos escondidos por baixo de todo aquele gelo

Quando vemos todo aquele gelo, fica até difícil de imaginar que possa existir alguma coisa por baixo dele. Porém, cientistas descobriram recentemente que existem diversos lagos subterrâneos espalhados por todo o continente.

Por meio de radares, cientistas descobriram que existem cerca de 400 lagos subglaciais que ficam por baixo de uma camada de 3 quilômetros de gelo. E na década de 1990, foi descoberto o mais lago subterrâneo da Antártida. Este também é considerado o terceiro maior lago do mundo, o Lago Vostok.

A região continuou sendo explorada pelos cientistas, que passaram a perfurar buracos profundos no gelo, extraindo amostras de água e medindo sua temperatura.

De acordo com os cientistas, esses lagos foram formados após a separação da Antártida de Gonduana, o antigo supercontinente. Esses lagos subterrâneos não congelam por causa da pressão criada pelo peso da camada de gelo, e conseguem se manter em uma temperatura de cerca de -3ºC, apesar de estarem cobertos por gelo por mais de 20 milhões de anos.

A estranha cachoeira de sangue

Uma cascata vermelha corre da Geleira Taylor até o Lago Bonney, parecendo uma jato de sangue saindo do gelo.

O estranho fenômeno intrigou os cientistas desde sua descoberta em 1911. Porém, recentemente, cientistas da Universidade de Alaska Fairbanks e da Colorado College descobriram a causa por trás deste misterioso fenômeno, chamado de “Blood Falls” (Cachoeira de Sangue, em português).

Essa água que sai da “cachoeira de sangue” vem de um lago de água salgada, que foi coberta por geleiras e por isso perdeu o contato com a atmosfera. Essa água ficou preservada a 400 metros de profundidade, e seu nível de sal foi se tornando cada vez maior ao longo do tempo, impedindo que ela congelasse.

Mas além disso, essa água salgada também tem um alto nível de ferro. Quando essa água enriquecida com ferro se infiltra por uma fissura da geleira e entra em contato direto com o ar, o ferro oxida e começa a enferrujar, dando a coloração vermelha para a água.

Um lugar de vidas incomuns

A Antártica possui um ambiente muito hostil à vida, sendo um deserto árido e gelado, com ventos fortes, pouca chuva e as temperaturas mais baixas registradas na Terra. Ainda assim, algumas criaturas selvagens conseguiram se adaptar a esse ambiente.

Lulas gigantes, micróbios, crustáceos, vermes enormes e brilhantes e peixes com sangue e pele transparentes são alguns dos estranhos seres que habitam este continente congelado.

E claro, pinguins, baleias e diversas espécies de aves também podem ser encontrados na Antártica, porém a maioria desses animais migra para o norte durante o inverno, quando toda a região congela.

E existe vida por baixo do gelo?

Em um estudo de 2014, cientistas descobriram um ecossistema ativo de microorganismos que vivem no Lago Whillans, que fica coberto sob um quilômetro de gelo

Esses seres minúsculos conseguiram prosperar mesmo sem contato nenhum com luz solar ou ar fresco por milhões de anos, utilizando apenas amônio e metano como fonte de energia.

Ao total, são mais de 4.000 espécies de organismos que vivem nesse habitat, nos mostrando que a vida pode sobreviver em praticamente qualquer lugar.

Segundo o pesquisador Brent Christner, da Universidade Estadual da Louisiana, essa descoberta serve de reforço para a ideia de que possa existir vida em outros planetas gelados do nosso sistema solar.

A Antártica já abrigou florestas e animais antigos

Antes da Idade do Gelo, que transformou a Antártida em um deserto congelado, este continente era uma região quente, repleto de florestas tropicais.

Ao longo de milhões de anos, essa terra foi sofrendo grandes transformações até se tornar o que é hoje, porém, fósseis de madeira, sinais de árvores tropicais e de folhas nos mostram como ela já foi um dia.

Além dos vestígios de florestas antigas, os cientistas também encontraram uma tonelada de fósseis de pássaros, animais marinhos e dinossauros do período Cretáceo, que ocorreu entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás.

Existem vulcões neste continente congelado

Apesar de ser coberto por neve, a Antártida também é o lar de vários vulcões.

E embora a maioria dos seus vulcões estejam inativos, o chamado Monte Erebus aumentou sua atividade vulcânica nos últimos 30 anos. Este é o vulcão ativo mais ao sul do mundo, e possui 3.800 de altura, sendo o segundo mais alto da Antártica.

Em uma última expedição feita em 2013, cientistas encontraram organismos vivendo no calor deste vulcão.

A montanha gigante escondida pelo gelo

Além dos lagos subterrâneos, outro segredo que a Antártida guarda é a existência de enorme cadeia de montanhas sob as vastas camadas de gelo.

Por baixo de uma camada de gelo de cerca de quatro mil quilômetros de espessura existem montanhas com um terço da altura do Monte Everest. As Montanhas Gamburtsev se possuem 3.000 metros de altura e se estendem por 1.200 quilômetros.

As montanhas foram descobertas em 1958 por cientistas russos, que estavam em expedição pela Antártida. E embora nunca tenhamos visto diretamente as montanhas, os cientistas usam radares para prever suas características físicas.

Uma mina de ouro de meteoritos

Apesar dos meteoritos caírem em qualquer parte do planeta, eles são muito mais fáceis de encontrar na Antártida. Isso acontece por dois fatores: primeiro, que as condições climáticas do local ajudam a preservar os seus fragmentos, e segundo, que como o continente é todo branco, os meteoritos escuros acabam sendo visto muito mais facilmente.

Além disso, poucas rochas se formam naturalmente nas camadas de gelo da Antártica, então, ao encontrar fragmentos rochosos no continente, há grandes chances de eles serem extraterrestres.

Desde 1976, já foram coletadas mais de 20 mil amostras de meteoritos extraterrestres. Em 2013, uma expedição encontrou um meteorito pesando 18 quilos, sendo o maior já encontrado na Antártica Oriental.

Como vocês puderam ver, a Antártica esconde diversas surpresas por baixo de todo aquele gelo. E ainda temos uma grande caminhada até desvendar todos os mistérios desse continente, seu passado e a vida que nele habita.

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