Esparta: 12 fatos sobre a vida e a sociedade espartana
Uma civilização criada para a guerra: com disciplina, muitos exercícios físicos e uma educação militar. Ser espartano não era fácil!
Descubra com esses fatos como foi a história de Esparta, desde a vida da população espartana até as conquistas realizadas em batalhas.
1. A cidade de Esparta era ao sul da Grécia Antiga
Esparta estava localizada na região da Lacônia ou Lacedemônia, sudeste do Peloponeso — península grega montanhosa. Era uma região de solo fértil, o que favoreceu logo uma vida espartana baseada na economia agrícola.
A conquista desta região ocorreu por volta de 1000 a.C, pelos dórios, povos que deram origem aos espartanos. Os que antes ocupavam a regão da Lacônia tornaram-se servos (hilotas) de Esparta.
Confira no mapa onde a cidade estava:
2. Dos guerreiros aos servos: a sociedade espartana era dividida em três grupos
Esparciatas (espartanos): colaboravam com o exército e com o Estado. Eram sustentados por servos (hilotas). Tinham uma vida de dedicação, precisando desde cedo prepararem-se mentalmente e fisicamente para defenderem Esparta em guerras.
Periecos: viviam na periferia de Esparta e deveriam dedicar-se ao comércio e artesanato. Não tinham direitos políticos, mas recebiam certa autonomia no espaço em que viviam. Eram muitas vezes estrangeiros residentes na Lacônia.
Hilotas: considerados servos da sociedade espartana, eram propriedade do Estado. Recebiam um pedaço de terra e lá deveriam ficar, cultivando o espaço e dando parte da produção para os esparciatas. Às vezes, os servos eram assassinados para que se evitassem rebeliões.
3. Ser um espartano significava ser lutador e ter uma vida simples
Todo o espartano deveria ter alma e coragem de guerreiro. Outra qualidade muito comum do espartano era ter uma vida sem luxo nem conforto. O termo utilizado para definir um espartano era "frugalidade" que significa uma vida de simplicidade. Sacrificar seus próprios gostos e necessidades pela defesa do Estado era uma ordem.
Eram também definidos com a palavra "laconismo", que se origina da região que Esparta estava localizada: Lacônia. Laconismo significa que o espartano não era de conversar muito, sendo pessoas mais diretas e reservadas.
Outros locais da Grécia Antiga, como Atenas, tinham estilos muito diversos de Esparta, pois a cultura, a política e filosofia recebiam um destaque maior.
4. Esparta foi a primeira cidade da Grécia a definir os direitos e deveres dos cidadãos
A sociedade espartana era fortemente controlada por um estado que exigia ordem e justiça, evitando o caos. Assim, criou-se um sistema que, desde cedo, controlava a vida de seus cidadãos, que deveriam ser criados para servirem o exército no futuro.
A vida dos espartanos foi regulada por Licurgo, um legislador que se comunicava com os deuses. Por meio das previsões deles para a cidade de Esparta, no Oráculo de Delfos, Licurgo formou o que seria um verdadeiro código sobre todos os direitos e deveres da sociedade espartana — as denominadas Leis de Licurgo.
O Estado de Esparta tinha quatro instituições políticas:
Diarquia: o Trono de Esparta, que era ocupado por dois reis. Na justificativa para se ter dois reis, ambos eram tidos como descendentes de Herácles (Hércules de Roma), considerado um herói na mitologia grega. Durante os tempos de guerra, era comum um dos reis assumir o controle do exército.
Apela: a Assembleia de Esparta, que era ocupada pelos cidadãos espartanos acima dos 30 anos, com exceção dos periecos e hilotas. Eram responsáveis por aprovar ou rejeitar leis, assim como eleger os membros da Gerúsia.
Gerúsia: era composta por 30 pessoas, inclusive os dois reis. Representavam o legislativo, com a criação de leis, e o judiciário, como tribunal.
Eforato: um conselho formado por 5 membros eleitos anualmente, que tinham o poder de participar das decisões da Gerúsia e Apela, podendo realizar uma função de administração pública. Os poderes eram amplos, tendo a possibilidade de vetar com o que não estivessem de acordo. Não havia uma regra que excluía algum dos grupos da sociedade, sendo, portanto, uma das partes mais igualitárias da política.
5. A religião era o politeísmo grego
A cidade de Esparta acreditava na existência de diferentes deuses, tendo adoração por eles. Entre os deuses mais populares para a sociedade espartana, estava o deus Ares, conhecido como deus da guerra. Por ter um espírito vingativo e sanguinário, ele não era muito bem visto pelo resto da Grécia, mas, para os espartanos, era um deus guerreiro que merecia admiração.
Atena, deusa sábia e estrategista em batalhas, era outra muito adorada.
6. Os homens espartanos eram vistos como "máquinas de guerra"
Desde o momento que um espartano menino nascia, ele era preparado psicologicamente e fisicamente para integrar o exército e defender Esparta. Assim, receberia toda a preparação física necessária para que, quando mais velho, pudesse começar a participar oficialmente das guerras. Sua vida tinha as seguintes etapas:
1. Quando o bebê nascia, passava pela Gerúsia, onde anciões verificavam o corpo da criança. Se fosse identificado algum problema físico ou mental, o bebê não seria considerado apto para o exército e poderia, em algumas situações, ser abandonado em montanhas.
2. Os que nascessem saudáveis voltavam para as suas famílias e começavam desde pequenos a receber treinamentos. Por exemplo, caso chorassem, não deveriam ser consolados, mas sim ignorados. Era preciso criar homens corajosos e destemidos. Durante este tempo, deveriam ser treinados por suas mães.
3. Aos 7 anos, os meninos eram considerados responsabilidade do Estado e deveriam ser preparados para batalhas. Eles passavam a receber os cuidados do Paidonomos, um superintendente responsável pela educação dos futuros heróis de Esparta.
4. Cada jovem teria seu tutor que, muitas vezes, era um menino já mais velho e mais preparado a nível de conhecimentos. A honra, a determinação e a obediência eram algumas das características mais ensinadas e valorizadas. Recebiam também muitos exercícios físicos, como salto, arremesso do dardo e lançamento do disco.
5. A maioridade dos jovens era aos 30 anos, quando seguiam inteiramente com a missão de lutar por Esparta.
7. As mulheres espartanas eram treinadas para serem mães de guerreiros
As meninas eram criadas para serem mães preparadas para cuidar da educação e treinamento dos seus futuros filhos. Afinal, até os 7 anos de vida deles, as mães eram as principais responsáveis por eles. Para tal, desde pequenas as meninas faziam ginástica e eram submetidas a muitos exercícios, para que tivessem um bom preparo físico e fossem destemidas.
Assim, em Esparta, mais que a cultura e as artes, o esforço físico e o desenvolvimento de habilidades nos exercícios físicos eram as características mais valorizadas para um espartano, tanto menina quanto menino.
Por estas razões, Esparta era considerada uma cidade que tratava as mulheres de modo mais igualitário do que outras na Grécia, por incentivar a participação delas nos esportes e valorizar sua importância na educação inicial dos filhos.
8. A famosa estratégia militar do Cavalo de Troia teve relação com Esparta
A Guerra de Troia foi uma disputa entre a Troia e a Grécia, ocorrida em 1 300 a.C. e 1 200 a.C. A guerra foi gerada em razão de a princesa Helena, esposa do rei espartano Menelau, ter sido raptada pelo príncipe troiano, que se apaixonou por ela.
A guerra acabou vencida pelos gregos, que convenceram os troianos de que queriam a paz, dando um gigante cavalo de presente. Os troianos acreditaram e aceitaram o presente, que era na verdade uma armadilha com vários gregos armados escondidos! Assim, os troianos acabaram rendidos e Helena foi recuperada.
9. A Batalha de Termópilas virou quadrinhos e o filme "Os 300 de Esparta"
Ocorreu no período de 499 até 449 a.C e representou a derrota dos persas, um Império que era muito forte. A origem da batalha veio da união dos gregos, atenienses, espartanos e outras pólis gregas, para evitar que os persas tomassem conta do território grego. Na época, com os gregos unidos, começaram as chamadas Guerras Médicas, para derrotar o poderoso exército dos persas.
Entre as várias batalhas das Guerras Médicas, a mais popular foi a Batalha de Termópilas. O rei persa Xerxes mandou seu exército tentar invadir novamente a Grécia, e Leônidas, rei de Esparta, resolveu enviar 300 espartanos para deter o exército persa. Atenção: o exército persa tinha milhares de homens, o que poderia, então, facilmente acabar com os 300 de Esparta. Xerxes tentou convencer Leônidas a desistir, mas este recusou-se.
Assim, com a ajuda de alguns aliados gregos — téspios e tebanos — o exército de Leônidas resistiu bravamente. Apesar disso, acabou vencido em razão do traidor Efialtes dar dicas aos persas de como surpreender os gregos.
Esta batalha, embora represente uma derrota grega, serviu para desgastar o exército persa, que gastou muito dinheiro e perdeu muitos soldados. Também deu tempo para que o resto dos gregos conseguissem se fortalecer para defender suas cidades. No fim, essas Guerras Médicas foram o marco do enfraquecimento do Império persa.
Por ser tão famosa a resistência contra o exército persa, essa história chegou a ser retratada em quadrinhos e também virou dois filmes de Hollywood, confira o trailer do mais recente (2006, diretor Zack Snyder):
10. Na Guerra do Peloponeso, Atenas se rendeu à Esparta
Ocorrida entre 431 a.C e 404 a.C, essa guerra marcou a disputa entre algumas cidades gregas, tendo Atenas e Esparta como protagonistas. As cidades gregas tinham organizações políticas diversas e isto gerava constantes atritos entre elas. Após muitas batalhas, os espartanos acabaram por assumir a liderança da Grécia.
Uma das consequências disto foi um maior investimento da área militar na região, com uma menor valorização da cultura, que era mais apreciada por Atenas.
11. Esparta sofreu um declínio após enfraquecimentos internos e batalhas perdidas
Aos poucos, a hegemonia de Esparta começou a enfraquecer. As guerras deixaram o exército mais abalado e o estilo das batalhas também começou a mudar, com o fortalecimento dos macedônios, que utilizavam a cavalaria.
Esparta buscou resistir, mas os reis no poder não conseguiram mobilizar do mesmo modo o exército, que acabou derrotado e incorporado a Roma, no 146 a.C. Com isto, as Leis de Licurgo também perderam efeito.
12. Há poucos objetos e construções atualmente no território em que existiu Esparta
Ao contrário da cidade de Atenas, onde é possível visitar e ver monumentos famosos conservados, como a Acrópole e o Partenon, no local onde estava Esparta não se encontram hoje muitos vestígios deixados pela sociedade espartana. Uma das razões para isto é que o espartano não costumava dedicar-se a construções de monumentos ou a escritas sobre a história deles. Assim, ainda há muito mistério sobre o passado da vida em Esparta.
Hoje há uma cidade que se chama Esparta no território da Lacônia, mas, da vida antiga, só sobraram ruínas muito desgastadas pelo tempo.