Todo sal traz benefícios à saúde. Uma das substâncias que compõem o sal, o sódio, é essencial ao nosso organismo - desde que consumido sem exagero. Assim, o sal rosa do Himalaia, como todo sal, faz bem. Mas pode fazer mal se consumido em excesso.
Apesar da composição mineral do sal rosa do Himalaia ser mais diversa, com mais de 80 minerais além do sódio e do cloro, o consumo recomendável de sal por dia é tão baixo que essa "riqueza" mineral não fará diferença alguma no nosso organismo.
Portanto, para deixar as coisas bem claras: sal rosa do Himalaia e outros sais gourmet que vemos por aí, apesar de serem bem mais caros que o sal grosso de churrasco ou o sal de cozinha, não trazem benefícios adicionais à nossa saúde. Há pessoas que consideram o sal rosa mais saboroso. Nesse caso, faz sentido o investimento. Mas não se engane: seu consumo não traz mais benefícios à saúde que o sal de cozinha que usamos todos os dias.
O que é o sal rosa do Himalaia?
O sal rosa do Himalaia é composto por cristais de pedras encontrados em regiões próximas à cordilheira do Himalaia. Uma pergunta que muita gente já deve ter feito: por que o sal do Himalaia é rosa? Essa coloração se deve à presença minerais que não encontramos no sal branco tradicional. No caso, o rosa claro é resultado da presença de óxido de ferro na composição do sal.
Qual a sua origem?
O principal local de extração do sal rosa é a mina de Khewra, localizada na província de Punjab, no Paquistão.
Apesar de Khewra não ser uma cidade litorânea, o sal encontrado em suas rochas tem origem no mar. Há milhões de anos, essa região era banhada pelo oceano. A evaporação das águas, resultado da erupção vulcânica, fez com que o sal ficasse alojado sob as rochas. Assim se explica a existência de sal marinho nessa área do Paquistão.
Qual a composição do sal rosa?
Já vimos que o sal rosa do Himalaia é composto por muitos minerais. Aliás, é isso o que o diferencia do sal comum, que acaba perdendo minerais devido ao processo de refinamento.
Além do cloreto de sódio, o sal rosa do Himalaia é composto por minerais como o potássio, ferro, cálcio, cobre, magnésio, entre outros. Mas essa quantidade é bem pequena. Na composição do sal rosa do Himalaia, o cloreto de sódio corresponde a 97%. Os 3% restantes são os outros minerais.
Uma das coisas mais importantes, e mais polêmicas, acerca da composição desse sal é a quantidade de sódio presente em sua composição. Vejamos o que dizem os cientistas.
A polêmica em relação ao sódio
O sódio é um mineral muito importante para o nosso corpo. Ele é fundamental para que nosso corpo consiga manter seu equilíbrio hídrico. Em outras palavras: o sódio ajuda a regular a quantidade de água no nosso organismo.
Pouco sódio: problema. Eliminamos muita água. Sódio em excesso: problemão! Retemos água no corpo, o que pode provocar hipertensão e outras doenças cardiovasculares.
O chamado sal de cozinha é cloreto de sódio (NaCl). Como o próprio nome químico já diz, ele é formado por cloreto e sódio. No caso do sal refinado de cozinha, este que a maioria das pessoas usa no seu dia a dia, a proporção é mais ou menos esta: numa porção de 1 g de sal, há 400 mg de sódio. O mesmo vale para o sal grosso.
Qual a quantidade de sódio no sal rosa do Himalaia?
No sal do Himalaia, a quantidade de sódio é um pouco menor. Segundo o Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), uma porção de 1 g do sal rosa do Himalia contém 368 mg de sódio. Ou seja, cerca de 30 mg a menos que o sal refinado e o sal grosso.
A diferença, portanto, é pequena. Há textos e vídeos na internet que garantem que o sal rosa do Himalaia tem metade da quantidade de sódio do sal de cozinha. Segundo as pesquisadoras da USP Kristy Soraya Coelho e Eliana Bistriche Giuntini, nenhum sal gourmet, incluindo o do Himalaia, chega a ter menos de 300 mg de sódio por 1g de sal.
O sal com menor teor de sódio é o negro Kilauea, do Havaí, com 303 mg.
Por que o sal do Himalaia não é mais saudável que o sal comum
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam um consumo máximo diário de 5 g de sal por dia. Isso equivale, no sal de de cozinha, a mais ou menos 2 g de sódio. Sabe quantos gramas de sal um brasileiro consome por dia? Em torno de 12 g! Mais que o dobro!
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), só em 2019 mais de 289 mil pessoas morreram em decorrência de doenças cardiovasculares. Como vimos, o consumo excessivo de sódio, um dos principais elementos do sal, é um fator importante no surgimento e agravamento dessas doenças.
Assim, para que o sal rosa do Himalaia fosse mais saudável que o sal comum, a quantidade de sódio em sua composição deveria ser significativamente menor. Como vimos, não é isso que acontece. É verdade que o sal rosa tem um teor de sódio mais baixo, mas não a ponto de ser mais benéfico. A pessoa que consumir sal rosa em excesso pode ter problemas de saúde.
Outra propriedade do sal do Himalaia geralmente apontada como benéfica para a nossa saúde é a quantidade de sais minerais em sua composição. De fato, o sal rosa contém dezenas de sais minerais que fazem bem à saúde, como o magnésio e o ferro. E tal como o sal marinho, ele não passa pelo processo químico de aquecimento e refinamento que faria com que ele perdesse essas propriedades.
Porém, vimos que a quantidade desses outros minerais na composição do sal rosa é bem pequena (cerca de 3%). Se levarmos em conta a quantidade de sal que ingerimos por dia, veremos que esses "ganhos nutricionais" se tornam quase insignificantes.
Além disso, como lembra Kristy Coelho, "nem tudo o que está ali é bom para a saúde. Existem, inclusive, elementos radioativos. Porém, como a quantidade consumida é reduzida, os apelos com relação à composição mineral desses sais gourmet na alimentação não se justificam".
Gostou desse conteúdo? Então experimente ler estes também:
O que são lactobacilos vivos? Conheça 10 alimentos onde você pode encontrá-los
O que é vegano? 7 respostas que farão você conhecer melhor essa forma de vida
